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Contra Rótulo: Os preferidos de Martin Zuccardi

Entrevistamos Martin Zuccardi, agrônomo da Vinícola Zuccardi, uma  vinícola importantíssima da Argentina com vários vinhedos em Maipu, Luján, Valle Uco com a famosa Nova Bodega e Pedra Infinita, maravilhosa. Vocêvai conhecer um pouquinho mais da história dessa vinícola que começou familiar e merece a sua visita!

1- Que vinho, que momento e qual vinho que tu lembra, da tua memória, o que mais te marcou na vida iniciando nesse mundo do vinho?
Há 20 anos meu pai começou a trabalhar em uma vinícola. Ele não é viticultor, ele trabalhava com números, contabilidade. Ele começou a trabalhar, por casualidade, em uma vinícola muito pequena em Mendoza, e no seu primeiro dia de trabalho lhe deram uma garrafa de vinho, um Malbec orgânico de Lujan de Cuyo. Ele levou para casa e ele estava muito orgulhoso porque era o vinho da vinícola que ele começou a trabalhar. Eu me lembro, eu era jovem, adolescente tinha 15/16 anos e me lembro do meu pai abrindo o vinho, buscando uma bela taça para provar o vinho  porque era uma ocasião especial, um novo vinho. E nesse momento senti a conexão que nós temos, as pessoas de Mendoza com o vinho, quando o vinho faz parte da mesa e faz parte da família. O vinho entrou na minha família, não somos de uma família de vitivinicultores, mas graças ao meu pai eu me conectei muito cedo com esse vinho. Me lembro de provar ele, mas não lembro se gostei ou não, mas foi o primeiro Malbec que eu tomei conscientemente e desde então voltei atrás.

2 - Tu trabalhando em uma vinícola como agrônomo e viajando muito, qual é o vinho que tu tem guardado na tua adega, que é aquele vinho super ultra especial, pra tomar naquele momento também especial, o vinho mais importante ou emblemático que tu tem guardado na tua adega pessoal?
Não sei se é  o mais importante, mas é um vinho muito especial. Há cinco ou seis anos começamos a plantar um vinhedo muito especial, em uma zona do Valle Uco, que se chama Gualtallary, no norte do vale.É um vinhedo que temos muito bonito, com muitas colinas e terraças, um vinhedo muito particular. E tinha muito anos que estávamos tratando de fazer um bom vinho chardonnay, neste solo com a equipe. E não saia. Eu me lembro que eu caminhava muitos vinhedos de chardonnay na zona e provava a uva, e nunca encontramos um chardonnay que nos deixasse felizes, que a gente gostava. Em 2016 plantamos uma pequena parcela de chardonnay e quando plantamos, deixamos um pequeno bosque de arbustos e de árvores nativas que estavam por ali e deixamos, no meio, como se fosse um pequeno jardim. Um alguns anos depois, colhemos essa uva e fizemos um vinho. Esse vinho se chama botânico, e quando fizemos a primeira vindima Sebastian Zuccardi me deu uma garrafa. E eu tenho essa garrafa. E eu já provei esse vinho. Mas essa garrafa em particular eu tenho porque é como se fosse um filho meu, esse chardonnay nós trabalhamos muitíssimo. Pensamos muito, caminhamos muito para escolher e para decidir como ia ser esse vinhedo e isso me encanta. E eu considero um dos meus vinhos favoritos. Não é um Malbec nesse caso, mas é um chardonnay que eu acredito que seja um dos melhores chardonnays que se pode fazer neste país. E tenho guardado uma garrafa, da primeira colheita, que vou beber quando minha filha tiver 18 anos. Faltam 13 anos, ela tem 5, então ainda tenho que esperar muito tempo.

3 - Com qual personalidade do mundo tu gostaria de sentar num jardim, abrir uma garrafa e por algumas horas degustar e conversar com essa pessoa?
Não é uma pergunta fácil, mas acredito que com Napoleão, acabou de vir esse pensamento… E Napoleão era um fanático por champagne. Ele dizia “Na vitória você merece Champanhe; na derrota você precisa dele”. Não necessariamente que estou de acordo com o que ele fez ou não,  mas é alguém que nas circunstâncias mais difíceis, sempre tinha um momento em que lembrava do vinho.